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31 de Janeiro – São João Bosco

Posted by pmkmkd em janeiro 31, 2007


São João Bosco, apóstolo da juventude (por Plinio Maria Solimeo, em Catolicismo)

Figura ímpar nos anais da santidade no século XIX, D. Bosco foi escritor, pregador e fundador de duas congregações religiosas, tendo sobretudo exercido admirável apostolado junto à juventude, numa época de grandes transformações. Dotado de discernimento dos espíritos, do dom da profecia e dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos da Europa no seu tempo.

Nascido em Murialdo, aldeia de Castelnuovo de Asti, no Piemonte, aos dois anos de idade faleceu-lhe o pai, Francisco Bosco. Mas felizmente tinha ele como mãe Margarida Occhiena, que lembra a mulher forte do Antigo Testamento. Com sua piedade profunda, capacidade de trabalho e senso de organização, conseguiu manter a família, mesmo numa época tão difícil para a Europa como foi a do início do século XIX, dilacerada pelas cruentas guerras napoleônicas. João Bosco tinha um irmão, dois anos mais velho que ele, e um meio-irmão já entrando na adolescência.

Lar pobre e religioso; a mãe, exemplo de virtudes

A influência da mãe sobre o filho caçula foi altamente benéfica. “Parece que a paciência e a doce firmeza de Mamãe Margarida influenciaram São João Bosco, e que toda uma parte de sua amenidade, de seus métodos afáveis, deve ser atribuída aos modos de sua mãe, à sua maneira de ordenar e de prescrever, sem gritos nem tumulto. […] Margarida terá sido uma dessas grandes educadoras natas, que impõem sua vontade à maneira de doce implacabilidade” […].

“João Bosco é um entusiasta da Virgem. Mamãe Margarida lhe revelou, pelo seu exemplo, a bondade, a ternura, a solicitude de Mamãe Maria. As duas mães se confundem em seu coração. Dom Bosco será um dos grandes campeões de Maria, seu edificador, seu encarregado de negócios”(1).

Talentos naturais e discernimento dos espíritos

A Providência falava a ele, como a São José, em sonhos. Aos nove anos teve o primeiro sonho profético, no qual — sob a figura de um grupo de animais ferozes que, sob sua ação, vão se transformando em cordeiros e pastores — foi-lhe mostrada sua vocação de trabalhar com a juventude abandonada e fundar uma sociedade religiosa para dela cuidar.

Extremamente dotado, tanto intelectual quanto fisicamente, era um líder nato. Por isso, “se bem que pequeno de estatura, tinha força e coragem para meter medo em companheiros de minha idade; de tal forma que, quando havia brigas, disputas, discussões de qualquer gênero, era eu o árbitro dos contendores, e todos aceitavam de bom grado a sentença que eu desse”(2), dirá ele em sua autobiografia. Observador como era, aprendia os truques dos saltimbancos e prestidigitadores, de maneira a atrair seus companheiros para seus jogos e pregação, pois desde os sete anos foi um apóstolo entre eles.

Possuía um vivo discernimento dos espíritos, como ele mesmo afirmou: “Ainda muito pequeno, já estudava o caráter de meus companheiros. Olhava-os na face e ordinariamente descobria os propósitos que tinham no coração”(3). Essa preciosa qualidade depois o ajudaria muito no apostolado com a juventude.

Órfão de pai, muito pobre para estudar para o sacerdócio como pretendia, e tendo sobretudo a incompreensão do meio-irmão, que o queria no campo, aos 12 anos a mãe lhe pôs sobre os ombros um bornal com alguns pertences e o enviou a procurar trabalho nas fazendas vizinhas. Assim o adolescente perambulou pela região, servindo de garçom num café, de aprendiz de alfaiate, de sapateiro, de marceneiro, de ferreiro, preceptor, tudo com um empenho exímio, que o levará depois a ensinar esses ofícios a seus “birichini”(4) nas escolas profissionais que fundará.

Talentos naturais e discernimento dos espíritos

A Providência falava a ele, como a São José, em sonhos. Aos nove anos teve o primeiro sonho profético, no qual — sob a figura de um grupo de animais ferozes que, sob sua ação, vão se transformando em cordeiros e pastores — foi-lhe mostrada sua vocação de trabalhar com a juventude abandonada e fundar uma sociedade religiosa para dela cuidar.

Extremamente dotado, tanto intelectual quanto fisicamente, era um líder nato. Por isso, “se bem que pequeno de estatura, tinha força e coragem para meter medo em companheiros de minha idade; de tal forma que, quando havia brigas, disputas, discussões de qualquer gênero, era eu o árbitro dos contendores, e todos aceitavam de bom grado a sentença que eu desse”(2), dirá ele em sua autobiografia. Observador como era, aprendia os truques dos saltimbancos e prestidigitadores, de maneira a atrair seus companheiros para seus jogos e pregação, pois desde os sete anos foi um apóstolo entre eles.

Possuía um vivo discernimento dos espíritos, como ele mesmo afirmou: “Ainda muito pequeno, já estudava o caráter de meus companheiros. Olhava-os na face e ordinariamente descobria os propósitos que tinham no coração”(3). Essa preciosa qualidade depois o ajudaria muito no apostolado com a juventude.

Órfão de pai, muito pobre para estudar para o sacerdócio como pretendia, e tendo sobretudo a incompreensão do meio-irmão, que o queria no campo, aos 12 anos a mãe lhe pôs sobre os ombros um bornal com alguns pertences e o enviou a procurar trabalho nas fazendas vizinhas. Assim o adolescente perambulou pela região, servindo de garçom num café, de aprendiz de alfaiate, de sapateiro, de marceneiro, de ferreiro, preceptor, tudo com um empenho exímio, que o levará depois a ensinar esses ofícios a seus “birichini”(4) nas escolas profissionais que fundará.

Vivendo de confiança na ajuda sobrenatural

A vida de São João Bosco é um milagre constante. É humanamente inexplicável como ele conseguiu, sem dinheiro algum, construir escolas, duas igrejas — uma sendo a célebre Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora — prover de máquinas específicas suas escolas profissionais, nutrir e vestir mais de 500 rapazes numa época de carestia.

Para Pio XI, “em D. Bosco o sobrenatural havia chegado a ser natural; o extraordinário, ordinário; e a legenda áurea dos séculos passados, realidade presente”(8).

Quando mais ele precisava e menos possibilidade tinha de obter dinheiro, aparecia algum doador anônimo para lhe dar a exata quantia necessitada. Mas ele empenhava-se também em promover rifas, leilões e tudo que pudesse render algum dinheiro para sua obra.

Educador ímpar, e sobretudo eficaz diretor de consciências, vários de seus meninos morreram em odor de santidade, sendo o mais conhecido deles São Domingos Sávio. Dom Bosco escreveu-lhe a biografia e a de vários outros.

Necessitando Dom Bosco de ajuda para seu apostolado incipiente, não teve dúvidas em ir pedi-la à sua mãe, já entrada na velhice e vivendo retirada junto ao outro filho e netos. Essa mulher forte pegou alguma roupa e objetos de que poderia necessitar, e, sem olhar para trás, seguiu seu filho a pé, nos 30 quilômetros que separavam sua vila de Turim. Tornou-se ela a mãe de tantos “birichini”, aos quais alimentava, vestia e ainda dava sábios conselhos. Foi seguindo seu costume que seu filho instituiu as belas Boa Noite, ou palavras edificantes aos meninos antes de eles irem dormir.

Escrevendo a reis e imperadores

São João Bosco mantinha uma correspondência intensa, escrevendo para imperadores, reis, nobreza, dirigentes da nação, com uma liberdade que só os santos podem ter. Assim, transmitiu ao Imperador da Áustria um recado memorável de Nosso Senhor para que ele se unisse às potências católicas, a fim de se opor ao poderio crescente da Prússia protestante. Escreveu também à nossa Princesa Isabel, recomendando-lhe seus salesianos no Brasil. Ao rei do Piemonte, prestes a tomar medidas contra a Igreja, alertou-o da morte que reinaria no palácio, caso isso ocorresse. Como o soberano não voltou atrás, quatro membros da família real se sucederam no túmulo, em breve espaço de tempo.

São João Bosco morreu em Turim a 31 de janeiro de 1888, sendo canonizado por Pio XI em 1934. São João Bosco mantinha uma correspondência intensa, escrevendo para imperadores, reis, nobreza, dirigentes da nação, com uma liberdade que só os santos podem ter. Assim, transmitiu ao Imperador da Áustria um recado memorável de Nosso Senhor para que ele se unisse às potências católicas, a fim de se opor ao poderio crescente da Prússia protestante. Escreveu também à nossa Princesa Isabel, recomendando-lhe seus salesianos no Brasil. Ao rei do Piemonte, prestes a tomar medidas contra a Igreja, alertou-o da morte que reinaria no palácio, caso isso ocorresse. Como o soberano não voltou atrás, quatro membros da família real se sucederam no túmulo, em breve espaço de tempo.

São João Bosco morreu em Turim a 31 de janeiro de 1888, sendo canonizado por Pio XI em 1934.

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Notas:

1.La Varende, Don Bosco, Le Livre de Poche Chrétien, Arthème Fayard, Paris, pp. 15 e 21.

2.San Juan Bosco, Memorias del Oratorio, Primera Fase, 1, p. 7, in “Biografía y Escritos”, B.A.C.

3.Id. Ib.

4.Plural de “birichino” — garoto, gaiato (Dizionario Portoghese-Italiano, Italiano-Portoghese, Carlo Parlagreco e Maria Cattarini, Antonio Vallardi Editore, Milano, 1960).

5.Pe. Rodolfo Fierro, SDB, Biografía y Escritos…, Introdução, p. 14.

6.Id. ib., p. 15.

7.Id. ib., p. 51.

8.Discurso de 3 de abril de 1932, apud BAC, op. cit., p. 11.

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30 de Janeiro – Santa Jacinta de Mariscotti

Posted by pmkmkd em janeiro 30, 2007


Padroeira de Viterbo (por Plinio Maria Solimeo, em Catolicismo) Após uma vida frívola e mundana, Jacinta de Mariscotti converteu-se radicalmente, transformando-se numa grande santa dotada dos dons de milagre e de profecia.

Clarice de Mariscotti — como se chamava Jacinta antes de entrar em religião — era filha de Marcantonio Mariscotti e Otávia Orsini, condessa de Vignanello, localidade próxima de Viterbo, (na Itália), onde a santa nasceu provavelmente no dia 16 de março de 1585. De seus pais muito virtuosos, recebeu profunda formação religiosa, correspondendo aos anseios dos progenitores. Entretanto, atingindo a adolescência, Clarice tornou-se vaidosa e mundana, buscando apenas divertir-se. Sua preocupação passou a ser vestidos, adornos, entretenimentos.

Tal situação fez com que o pai se preocupasse muito com a salvação de sua filha. Como remédio, resolveu mandar a vaidosa para o convento, onde estava sua irmã mais velha, que lá era um exemplo de virtude. Clarice obedeceu de má vontade. Enquanto permaneceu no convento, alimentava o desejo de sair dele o mais rapidamente possível para voltar à vida despreocupada e mundana de antes. Insistiu tanto, que o pai acabou cedendo.

O mundo não dá o que promete

Mas no mundo, para onde voltara, não encontrou o que esperava. Os anos corriam, as vaidades passavam, e ela não encontrava quem lhe proporcionasse a felicidade esperada. Nenhum dos julgados “bons partidos” da região dava atenção àquela moça tresloucada. Clarice viu ainda sua irmã mais nova, Hortência, casar-se com o marquês romano Paulo Capizucchi, e ela ficar para trás.

A família insistiu então com ela para que voltasse ao convento, desta vez como freira. A contragosto retornou àquele mesmo em que estava sua irmã, das religiosas da Ordem Terceira Franciscana regular. Nessa Ordem tomou o nome de Jacinta. Infelizmente ela não deixou o mundo atrás de si, mas o trouxe para a vida religiosa. Julgando as celas das freiras muito pequenas e pobres, mandou construir uma especial para si, de acordo com sua posição social, e ornou-a com luxo principesco, colocando cortinas, tapetes, objetos de ouro e prata, bem como uma mesa de mármore.

Tudo isso, que poderia ficar bem num palácio, destoava do ambiente de pobreza próprio daquele convento. Com tédio e má vontade, participava dos atos comuns da casa religiosa.

Voz da Providência, mediante sofrimento

Num gênero de vida mole e enganoso, passou 10 anos, até que foi atingida por grave doença. Então os bons pensamentos da infância voltaram à tona. Considerou o fogo do purgatório e do inferno e tremeu de terror. Começou, aos gritos, a chamar pelo confessor.

Ora, estava passando nessa ocasião pelo convento o Pe. Antônio Biochetti, virtuoso sacerdote, muito enérgico e categórico. Foi ele instado a atender a doente. Mas, entrando naquele quarto luxuoso, mais próprio de um palácio do que de um convento, recusou-se atender a confissão da freira, dizendo que o Paraíso não era feito para os soberbos.

Jacinta, desesperada, chorando amargamente, perguntou-lhe: “Então não há mais salvação para mim?”. “Sim — respondeu o religioso — contanto que deixe esses vãos adornos, essas vestimentas suntuosas, e se torne humilde, piedosa, esqueça o mundo e pense só nas coisas do Céu”.

No dia seguinte, tendo Jacinta trocado sua roupa de seda por um pobre hábito, fez sua confissão geral com tantas lágrimas e gemidos, que manifestavam um verdadeiro arrependimento. Depois foi ao refeitório e aplicou-se forte disciplina em frente às irmãs, pedindo-lhes perdão pelos maus exemplos que lhes havia dado.

A graça da conversão completa

Mas Jacinta ainda não havia rompido com tudo. Restava-lhe deixar o luxuoso quarto, ao qual estava muito apegada. Nova enfermidade — durante a qual viu Santa Catarina de Siena, que lhe deu vários conselhos — fez com que, desta vez, a ruptura com a vida antiga fosse total.

Entregou tudo o que possuía à superiora e revestiu-se com a mortalha de uma freira que acabava de morrer. Fez o propósito de não ver mais seus parentes e amigos, a não ser por ordem da superiora, a fim de romper com tudo aquilo que lhe lembrava a antiga vida. Quis ser chamada, desde então, de Jacinta de Santa Maria, e não mais de Mariscotti.

Sua conversão foi dessa vez radical: trocou sua cama por um feixe de lenha, tendo uma pedra como travesseiro. Mortificava-se dia e noite, tomando tão ásperas disciplinas, que o solo de sua cela ficava manchado de sangue.

Em memória das chagas do Divino Salvador, fez nos pés, nas mãos e no lado chagas que reabria freqüentemente, e que só deixou cicatrizar por obediência. Prática esta que, numa vocação especial de penitência, pode-se compreender, embora não seja para ser imitada.

Às sextas-feiras, em memória da sede que Nosso Senhor sofreu na Paixão, colocava um punhado de sal na boca. Sua alimentação passou a ser pão e água. Durante a Quaresma e o Advento, vivia de verduras e raízes apenas cozidas na água. Após sua conversão, passou a ter uma tão baixa opinião de si mesma, que a tornava um exemplo de humildade.

Considerando-se como a pior pecadora, escolheu para patronos santos que tinham ofendido a Deus antes de se converterem, como Santo Agostinho, Santa Maria Egipcíaca e Santa Margarida de Cortona.

Subpriora e Mestra de Noviças

Jacinta procurava toda ocasião para se humilhar. Freqüentemente ia ao refeitório com uma corda ao pescoço, e ajoelhando-se diante de cada freira, beijava-lhe os pés pedindo perdão pelos maus exemplos passados.

Fazia os trabalhos mais repugnantes no convento, varria as celas, geralmente de joelhos, e suportava alegremente as injúrias de algumas irmãs que a chamavam de louca e de alucinada. Ela pedia a todas que rezassem por ela. Escreveu a uma religiosa: “Há 14 anos que eu mudei de vida. Durante esse tempo eu rezei algumas vezes quarenta horas seguidas, assisti todos os dias a várias missas, e me encontro ainda longe da perfeição. Quando poderei servir meu Deus como Ele merece? Reze por mim, minha amiga, para que o Senhor me dê ao menos a esperança”.

Apesar de tudo que fazia para ser desprezada, sua virtude brilhava aos olhos da maioria da comunidade, que a escolheu para subpriora e Mestra de Noviças.

Evita naufrágio, converte criminoso

A fama de sua virtude ultrapassou os muros do convento e propagou-se por toda a região. Deus a dotou do dom dos milagres. Certo dia, por exemplo, alguns seus conterrâneos faziam uma viagem em alto mar, quando foram surpreendidos por terrível tormenta.

Na iminência de soçobrarem, um deles exclamou: “Ó irmã Jacinta, venha em nosso socorro ou pereceremos”. No mesmo instante os passageiros viram uma freira franciscana de hábito branco, que aplainava as vagas e dirigia com força sobrenatural a embarcação ao porto.

Tendo um deles ido depois ao convento para agradecer tamanho benefício, a superiora mandou chamar a Irmã Jacinta: “Foi ela que nos salvou”. A santa fugiu do parlatório para não ser louvada. Para converter pecadores ela se tornava de uma eloqüência irresistível, que ia direto ao coração dos mais empedernidos.

Uma das conversões operadas por ela, que mais ruído ocasionou, foi a de um soldado de fortuna chamado Francisco Pacini, tristemente célebre por sua insolência, crueldade e falta de pudor. A santa havia ouvido falar dele e resolveu convertê-lo. Para isso, fez orações e jejuns especiais durante vários dias. Depois escreveu ao celerado, pedindo-lhe para vir ao convento tratar de assunto da mais alta importância.

Ao receber a mensagem, Pacini respondeu com desprezo que havia jurado jamais pôr os pés num convento. Mas Jacinta não se deu por vencida. Pediu a um pecador convertido, que fora amigo de Pacini, que o fosse procurar e tentasse convencê-lo a ir ao convento. Como Pacini se recusasse peremptoriamente, o outro, com fino senso psicológico, lhe disse: “Como você está mudado! Não ousa nem mesmo enfrentar o olhar de uma mulher!”.

Temendo ser ridicularizado como covarde, o bandido resolveu ir ao convento, prometendo fazer a ousada freira arrepender-se de sua temeridade. Mas não contava com a graça de Deus. Apenas pôs os pés no parlatório e viu aquela pobre freira, começou a tremer. E à medida que ela lhe falava do horror de seus crimes e do castigo que mereciam de Deus, ele foi se transformando, caiu de joelhos e prometeu confessar-se.

O que fez no domingo seguinte, que era o da Paixão, com os pés descalços e uma corda no pescoço, pondo-se bem no meio da Igreja e pedindo perdão a todos por seus crimes e escândalos. Mais tarde revestiu o hábito de peregrino e consagrou sua vida a Deus.

Zelo reformador e ardorosa caridade

Do mesmo modo, ela reformou muitos conventos com cartas escritas às superioras relaxadas, admoestando-as dos castigos que as ameaçavam. Foi por sugestão sua que a Duquesa de Farnese e de Savella fundou dois mosteiros de clarissas, um em Farnese, outro em Roma. A caridade de Jacinta para com os pobres era proverbial.

Não tendo voto de clausura, ela saía para visitá-los em seus próprios tugúrios, levando-lhes sempre o auxílio espiritual, além do material. Seu grande apreço pela nobreza se patenteia na assistência que proporcionava especialmente aos nobres empobrecidos e envergonhados.

Ela tinha grande devoção à Santíssima Virgem e a São Miguel Arcanjo, que a assistiu várias vezes com seu poder contra os embustes do demônio. Venerava especialmente o santo sacrifício da Missa, vendo nele, como de fato é, a renovação incruenta do sacrifício do Calvário.

Além do dom dos milagres, foi ela dotada também do de profecia.

Santa Jacinta de Mariscotti entregou sua alma a Deus no dia 30 de janeiro de 1640, sendo canonizada em 1807 pelo Papa Pio VII.

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Fontes de referência:

– Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d’après le Père Giry, Paris, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, 1882, tomo II, pp. 348 a 356.

– Manuel de Castro, O.F.M., Santa Jacinta de Mariscotti, in Santoral Franciscano.

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29 de Janeiro – São Gildas, o Sábio, Confessor

Posted by pmkmkd em janeiro 29, 2007

Sacerdote natural da Escócia e possuidor de grande cultura, trabalhou arduamente na Irlanda, na Inglaterra e na Bretanha, convertendo pecadores e reformando mosteiros. (Fonte: Livro: Cada dia tem seu santo – Autor: A. de França Andrade – Editora: Artpress)

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28 de Janeiro – São Tomás de Aquino, Confessor e Doutor da Igreja

Posted by pmkmkd em janeiro 28, 2007


(+ Fossa Nuova, 1274)

Sacerdote dominicano, foi inicialmente discípulo de Santo Alberto Magno, passando depois a lecionar na Universidade de Paris.

Escreveu mais de cem obras, entre as quais se destacam a Suma contra os gentios e a Suma Teológica.

Foi chamado Doutor Angélico e Doutor Comum. Sua autoridade é, de certa forma, única entre os teólogos católicos.

Durante o Concílio de Trento, a Suma Teológica foi colocada sobre o altar, ao lado das Sagradas Escrituras, para indicar que era à luz da doutrina tomista que se deveria interpretar a Palavra de Deus. (Fonte: Livro: Cada dia tem seu santo – Autor: A. de França Andrade – Editora: Artpress)

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27 de Janeiro – Santa Ângela de Mérici, Virgem

Posted by pmkmkd em janeiro 27, 2007

(+ Bréscia, 1540)

Compreendendo todos os males que a Renascença pagã fazia às famílias católicas, fundou a congregação das Irmãs Ursulinas, que se dedicariam à educação das jovens com vistas a fazer delas mães de família verdadeiramente cristãs. (Fonte: Cada dia tem seu santo – Autor: A. de França Andrade – Editora: Artpress)

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26 de Janeiro – São Timóteo, Mártir, e São Tito, Confessor

Posted by pmkmkd em janeiro 26, 2007

(+ Ásia Menor, séc. I)

São Timóteo foi batizado pelo Apóstolo São Paulo, que lhe escreveu duas Epístolas na qual o chama discípulo caríssimo, amado filho e irmão. Acompanhou São Paulo em suas viagens apostólicas. Foi o primeiro bispo de Éfeso e morreu apedrejado e espancado por pagãos.

São Tito, também convertido por São Paulo, acompanhou-o em algumas viagens e realizou missões delicadas em Corinto. Feito mais tarde bispo de Creta, ali morreu. (fonte: Cada dia tem seu santo – Autor: A. de França Andrade – Editora: Artpress)

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25 de Janeiro – Conversão de São Paulo

Posted by pmkmkd em janeiro 25, 2007


Um dos maiores acontecimentos na História da Igreja (Plinio Maria Solimeo, em Catolicismo)

De nenhum dos grandes santos penitentes a Igreja celebra a conversão como a de São Paulo. E uma das razões é a excelência de toda s as virtudes que Nosso Senhor comunicou-lhe.

Um dos maiores santos do firmamento católico, São Paulo, nos diz que era judeu, nascido na “ilustre” Tarso, na Cilícia, Ásia (At 21, 39), de pai cidadão romano (At 22, 26-28), de uma família na qual a pureza de consciência era hereditária (II Tim, 1, 3), muito apegada às tradições e observâncias dos fariseus (Fil. 3, 5-6). Como pertencia à tribo de Benjamim, foi-lhe dado o nome de Saul (Saulo), muito comum nessa tribo em memória do primeiro rei dos judeus.

Como todo judeu respeitável tinha que ensinar a seu filho uma profissão, o jovem Saulo aprendeu a tecer os fios dos quais eram feitas as tendas e a confeccioná-las, o que lhe seria de muita utilidade no futuro. Ainda muito jovem foi enviado a Jerusalém para receber educação na escola de Gamaliel.

Ao contrário do que muitos imaginam, o grande São Paulo era de pequena estatura, calvo, de fraca voz e má saúde. Por isso, não impressionava à primeira vista. Entretanto, a alma que movia esse corpo frágil era toda de fogo, e praticamente não encontra paralelo não só nos primeiros tempos do Cristianismo, mas em toda sua história.

De perseguidor a Apóstolo de Cristo

Formado na tradição dos fariseus, que exageravam o cumprimento das exterioridades da lei, seu fanatismo ardente, que nada podia moderar, iria se chocar contra o Cristianismo nascente. A doutrina deste, dotada de força e vida, ameaçava tudo conquistar para Cristo, o que preocupava muito a Saulo. Diante dessa marcha conquistadora, ele não hesitava em opor-se com todas suas forças e até pela violência, conforme narram os Atos dos Apóstolos (9, 1-2): “Respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, apresentou-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém quantos achasse desta doutrina, homens e mulheres”.

A isso comenta São João Crisóstomo: “Que males não havia feito? Havia enchido de sangue Jerusalém, matado os fiéis, afligido a Igreja, perseguido os Apóstolos, apedrejado Estêvão, e não perdoando a homem nem mulher, porque não se contentava com levá-los aos tribunais e acusá-los ante os juízes, senão que os buscava em suas casas, tirando-os delas; e, como uma fera, os arrebatava”.(1)

“Saulo, Saulo, por que me persegues?”

Entretanto, no caminho de Damasco o Senhor o esperava. “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Ele caiu do cavalo diante da fulgurante luz. “Coisa maravilhosa é considerar que, tendo sido toda a vida de Cristo, nosso Redentor, semeada de trabalhos, perseguições e penas, e sua sagrada paixão cheia de tantas e tão inexprimíveis afrontas e tormentos, nunca o Senhor se queixou nem abriu a boca para dizer: ‘Por que me persegues?’… E agora, com voz portentosa e sonora, diz a Saulo: ‘Por que me persegues?’. Como podia Saulo perseguir a Vós, Senhor, sendo ele um pouco de pó, e vós o Rei da glória, estando ele na Terra e vós no Céu? Mas, porque Saulo perseguia os membros de Cristo, nossa cabeça, Ele tomava por próprias as injúrias que contra seus membros se faziam”.(2)

“Senhor, que quereis que eu faça?” Era a coerência falando. Se Aquele que lhe aparecia era o próprio Cristo, Filho de Deus, Saulo deveria, em vez de perseguir seus discípulos, entregar-se inteiramente e de vez a seu serviço.

Os teólogos asseguram que uma conversão é obra mais maravilhosa que a ressurreição dos mortos. Assim, a conversão de São Paulo constituiu fato maior e mais notável que a ressurreição de Lázaro, encerrado havia quatro dias no sepulcro, e já cheirando mal.

Para Santo Agostinho, se a ressurreição de um morto e a conversão de um pecador são obras de igual poder, a conversão é obra de maior misericórdia.

Se isso se pode dizer de qualquer conversão, mais se pode dizer da de São Paulo. “Com efeito, se todas as outras são milagrosas, estando elevadas acima da ordem da natureza, esta o é na mesma ordem da graça, sendo como um milagre estabelecido sobre outros milagres. O que parecerá evidente, tanto se se consideram os efeitos que produziu, quanto os grandes frutos que a Igreja dela tirou”.(3)

Realmente, vemos nessa conversão uma circunstância inteiramente milagrosa, pois é milagre na ordem da graça que uma alma tão carregada de pecados, e com disposições totalmente contrárias a ela, se converta assim inopinadamente, sem ter sido preparada antes por atos opostos a esses maus hábitos e a essas disposições perniciosas.

A conversão de São Paulo foi também um “prodigioso acontecimento, de incalculável importância, sem o qual todo o futuro do Cristianismo teria mudado de feição. […] A transformação foi nele radical e completa. O que havia odiado, passa, da noite para o dia, a adorar; e a causa que combateu com toda a violência vai, igualmente com toda a violência, servi-la de futuro. Num segundo, e na pista do deserto, Deus vencera o adversário e o ligara a Si, para todo o sempre”.(4)

“Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo”

Quando Ananias, por ordem do Senhor, foi ver Saulo para restituir-lhe a vista, conferiu-lhe também os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem.

“Convertido, instruído, consagrado, regenerado pelas águas do Batismo, o ilustre neófito tinha tudo o que era necessário para tornar-se o instrumento de grandes desígnios: a difusão da Fé no mundo inteiro, tal é o programa cuja execução lhe foi confiada por seu novo mestre”. Entretanto, “a essa natureza ardente era necessário, antes de percorrer sem parar sua nova carreira apostólica, uma estadia na solidão. O deserto atrai as grandes almas. Saulo permaneceu três anos em retiro, dispondo-se pela oração, meditação, recolhimento e penitência a preencher a missão à qual Deus o chamava”.(5)

Arrebatado ao terceiro Céu, viu com os olhos da alma tudo o que Cristo havia padecido e obrado na Terra e os íntimos pensamentos, dores, afetos e desejos de seu amantíssimo Coração. Acima de tudo, foi ele instruído diretamente pelo próprio Nosso Senhor, pelo que pôde afirmar: “O Evangelho que preguei não é coisa de homens; pois não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo”. Depois de ter sido arrebatado aos céus, passou a viver somente em função da vida futura: “Nossa conversação está no Céu, e minha vida é Cristo; e morrer por Ele é lucro para mim”, pois “vivo, mas não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”.

E transformou-se logo num dos maiores pregadores do Evangelho: “Quem imitou mais a Jesus Cristo que o mesmo São Paulo, que se propõe como exemplo e nos exorta a que o imitemos porque é imitador de Cristo? Quem seguiu mais a Cristo crucificado que o mesmo São Paulo, que diz que estava crucificado com Cristo na cruz, e que toda sua glória era a cruz de Cristo? E que não sabia outra coisa, senão a Cristo crucificado? Que em seu corpo trazia impressos os estigmas, sinais e chagas do Senhor Jesus Cristo, e dizia que todo seu gozo e triunfo era ver-se algemado e carregado de cadeias por Ele? Quem poderá, ainda que tenha língua de anjo, explicar as virtudes de São Paulo e o muito que Deus lhe deu nesta conversão?”.(6)

Levou o nome de Cristo por todas as nações da Terra

Por isso sua doutrina está excelentemente acima da de todos os demais, e seu espírito tão acima, que não encontra paralelo entre os homens. Ele é “o lavrador que cultiva o campo da Igreja; ou o arquiteto, que a edifica; ou o médico, que a cura; ou o soldado, que a defende; ou o doutor, que a ensina; ou o pai, que a engendra; ou a ama, que lhe dá o peito e a cria com seu leite; ou o juiz severo, que repreende e castiga; ou a mãe piedosa, que afaga e regala; e não há estado na Igreja que nas epístolas de São Paulo não tenha seu particular ensinamento e doutrina”. Por isso “a Santa Igreja diz que Deus ensinou todo o mundo por São Paulo, e o chama doutor das gentes, e por excelência o apóstolo; porque, entre todos os apóstolos, mais se esmerou, mais trabalhou e mais proveito fez com sua pregação e com as 14 epístolas que escreveu”.(7)

Parte da epopéia apostólica do Apóstolo dos Gentios pode ser lida nos Atos dos Apóstolos, em que se vê “no meio de tantos trabalhos São Paulo, sempre o mesmo, sempre mais e mais abrasado no amor de Jesus Cristo, sempre mais e mais zeloso de levar seu santo nome por todas as nações da terra! Causa assombro considerar as cidades, as províncias, os reinos e os vastos domínios que percorreu este grande apóstolo, anunciando o Evangelho em todos eles”.(8)

Durante sua carreira apostólica, São Paulo foi flagelado, encadeado e lançado sete vezes na prisão; três vezes sofreu o naufrágio, e numa delas só se salvou agarrado a um destroço do navio durante um dia e uma noite. Várias vezes teve que fugir perseguido pelos judeus, sofreu fome e sede por amor de Cristo.

Culminando sua prodigiosa vida pelo gládio, pôde afirmar: “Combati o bom combate, percorri a carreira inteira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele dia” (II Tim, 4, 7-8).

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Notas:

1. In Pedro de Ribadaneira, S.J., Flos Sanctorum, apud Dr. Eduardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compañia – Editores, Barcelona, 1896, t. I, p. 258.

2. Id. Ib., p. 259.

3. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo I, p. 600.

4. Daniel Rops, São Paulo, o Conquistador de Cristo, Livraria Tavares Martins, Porto, 1952, pp. 53,54,59.

5. Les Petits Bollandistes, op. cit., tomo VII, p. 464-465.

6. Pedro de Ribadaneira, op. cit., p. 260.

7. Id. ib., p. 261.

8. Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A. O., Braga, tomo II, 1998, p. 325.

Outras obras consultadas:

– Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo I, 25 de janeiro.

– Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S. A., Saragoça, 1946, tomo I, 25 de janeiro.

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24 de Janeiro – São Francisco de Sales, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

Posted by pmkmkd em janeiro 24, 2007


Baluarte da Contra-Reforma e Doutor da Igreja

Plinio Maria Solimeo (em Catolicismo)

No início de novembro de 1622, São Francisco de Sales, Bispo-Príncipe de Genebra, acompanhava o Duque da Sabóia na comitiva que ia de Chambéry a Avignon encontrar-se com o Rei Cristianíssimo, que era então o soberano francês Luís XIII. O Prelado aproveitou a ocasião para visitar os mosteiros da Visitação existentes no percurso, como cofundador que era dessa Congregação. Assim, chegou no dia 11 ao de Belley.

Entre as freiras que, pressurosas, correram-lhe ao encontro, encontrava-se uma que ele muito estimava por sua inocência, virtude e simplicidade, e a quem por isso dera o nome de Clara Simpliciana. Esta, iluminada por luzes sobrenaturais, chorava desoladamente: “Oh, excelentíssimo Senhor!” disse-lhe sem subterfúgios, “vós morrereis neste ano! Eu vos suplico que peçais a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe que isso não ocorra”.

— “Como, minha filha?!”, respondeu surpreso o Prelado. “Não, não o farei. Não vos alegrais pelo fato de eu ir descansar? Veja: estou tão cansado, com tanto peso, que já não posso comigo. Que falta vos farei? Tendes a Constituição e deixar-vos-ei Madre Chantal, que vos bastará . Ademais, não devemos pôr nossas esperanças nos homens, que são mortais, mas só em Deus, que vive eternamente”.

Tais palavras como que resumem a vida e a obra de São Francisco de Sales, cuja festa comemoramos no dia 29 deste mês. Embora ele contasse então com apenas 56 anos de idade e aparentemente não estivesse doente, entregou sua grande alma a Deus três dias antes que o ano terminasse, conforme predissera Irmã Simpliciana… (1)

A grande provação

Francisco de Sales, primogênito entre os 13 filhos dos Barões de Boisy, nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de agosto de 1567. Por devoção dos pais ao Poverello de Assis, recebeu seu nome e, chegado ao uso da razão, o menino escolheu-o por patrono e guia.

A virtuosa baronesa dedicou-se ela mesma, com a ajuda de bons preceptores, à educação de sua numerosa prole. Para seu primeiro filho escolheu, por sua piedade e ciência, o Pe. Déage, o qual, até sua morte, foi para Francisco um pai espiritual e guia. Acompanhava-o sempre, mesmo a Paris, onde o jovem barão radicou-se durante seus estudos universitários no Colégio de Clermont, dos jesuítas.

Com um precoce senso de responsabilidade e intuito de fazer sempre tudo que fosse da maior glória de Deus, Francisco estudou retórica, filosofia e teologia com um empenho que lhe permitiu ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor de consciências que caracterizaram seu trabalho apostólico.

Francisco, como primogênito, era herdeiro do nome de família e continuador de sua tradição. Por isso, recebeu também lições de esgrima, dança e equitação. Convencia-se porém, cada vez mais, que Deus o chamava inteiramente a Seu serviço. Fez voto de castidade perfeita e colocou-se sob a proteção da Virgem das virgens.

Aos 18 anos, o jovem enfrentou a mais terrível provação de sua vida: uma tão violenta tentação de desespero, que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e estar destinado a odiar eternamente a Deus com os réprobos. Tal obsessão diabólica perseguia-o noite e dia, abalando-lhe até a saúde.

Ora, para alguém que, como ele, desde o início do uso da razão não procurava senão amar ardentemente a Deus, tal provação era o que havia de mais terrível.

Seria necessário um ato heróico para dela livrá-lo e ele o praticou: não se revoltava contra Deus, mesmo se Ele lhe fechasse as portas do Céu, e pedia, nesse caso, para amá-Lo ao menos nesta Terra.

“Senhor!” — exclamou certo dia na igreja de Saint Etienne des Grés, no auge de sua angústia –, “fazei com que eu jamais blasfeme contra Vós, mesmo que não esteja predestinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei de amar-Vos no outro mundo, concedei-me pelo menos que, nesta vida, eu Vos ame com todas as minhas forças!”.

Rezando depois humildemente o “Lembrai-Vos”, aos pés de Nossa Senhora, invadiu-lhe a alma uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça (2).

Calcando o mundo aos pés

Aos 24 anos, Francisco, com os estudos brilhantemente concluídos e já doutor em leis, voltou para junto da família. O pai escolhera para ele a jovem herdeira de uma das mais nobres famílias do lugar. Apesar de sua pouca idade, ofereceram ao jovem doutor o cargo de membro do Senado saboiano. Humanamente falando, não se podia desejar mais.

Para espanto do pai, seu primogênito recusou tanto um quanto outro oferecimento. Só à mãe, que sabia de sua entrega a Deus, e a um tio, cônego da catedral de Genebra, explicou Francisco o motivo desse ato tido por insensato.

Faleceu nesse tempo o deão da catedral de Chambéry. O cônego Luís de Sales imediatamente obteve do Papa que nomeasse seu sobrinho para o posto vacante. Com muita dificuldade o Barão de Boisy consentiu enfim que aquele, no qual depositava suas maiores esperanças de triunfo neste mundo, se dedicasse inteiramente ao serviço de Deus. Não podia ele prever que Francisco estava destinado à maior glória que um mortal pode atingir, que é a de ser elevado à honra dos altares; e, por acréscimo, como Doutor da Igreja!…

Zelo anticalvinista

Os cinco primeiros anos após sua ordenação, o Pe. Francisco consagrou-os à evangelização do Chablais, cidade situada na margem sul do lago de Genebra, convertendo, com o risco da própria vida, empedernidos calvinistas. Para isso, divulgava folhetos nos quais refutava suas heresias, contrapondo-lhes as lídimas verdades católicas. O missionário precisou fugir muitas vezes e esconder-se de enfurecidos hereges, e em algumas ocasiões só se salvou por verdadeiro milagre (3).

Assim, reconduziu ao seio da verdadeira Igreja milhares de almas seduzidas pela heresia de Calvino. Ao mesmo tempo dava assistência religiosa aos soldados do castelo de Allinges, os quais, apesar de católicos de nome, eram ignorantes em religião e dissolutos. Seu renome começava já a repercutir como grande confessor e diretor de consciências.

Em 1599, o deão de Chambéry foi nomeado Bispo-coadjutor de Genebra; e, três anos depois, com o falecimento do titular, assumiu a direção dessa diocese.

Apóstolo entre os nobres

Esse fato ampliou muito o âmbito de ação de D. Francisco de Sales. Fundou escolas, ensinou catecismo às crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa empreendida na época, como Madame Acarie (depois uma das primeiras religiosas carmelitas na França, morta em odor de santidade), Santa Joana de Chantal, com quem fundou a Visitação. Inúmeras donzelas da mais alta nobreza abandonaram o mundo, entrando nos mosteiros dessa nova congregação, na qual brilharam pelo esplendor de sua virtude.

Todos queriam ouvir o santo Bispo. Convidado a pregar em toda parte, era sempre rodeado de grande veneração, tornando-se necessário escolta militar para protegê-lo das manifestações do entusiasmo popular.

A família real da Sabóia não resistia à atração do Bispo-Príncipe de Genebra, convidando-o constantemente para pregar também na Corte. E não era a mais alta nobreza menos ávida que o povinho de ouvir aquele que já consideravam santo em vida.

Em 1608, ordenou e publicou as notas e conselhos que dera a uma sua prima por afinidade, a Sra. de Chamoisy, num livro que se tornaria imortal: Introdução à vida devota. Essa obra foi ocasião de várias conversões e carreou muitas vocações para os conventos da Visitação.

São Francisco de Sales desenvolveu seu lema no extraordinário livro que escreveu para suas filhas da Visitação, a pedido de Santa Joana de Chantal, o célebre Tratado do Amor de Deus: “a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida”.

Glorificado na Terra e no Céu

Os contemporâneos do Bispo-Príncipe de Genebra não tinham dúvidas a respeito de sua santidade. Santa Joana de Chantal, sua dirigida e cooperadora que o conheceu tão intimamente, escreveu: “Oh! meu Deus! Atrever-me-ei a dizê-lo? Sim, di-lo-ei: parece-me que nosso bem-aventurado pai era uma imagem viva do Filho de Deus, porque verdadeiramente a ordem e a economia desta santa alma era toda sobrenatural e divina. Muitas pessoas me disseram que, quando viam este bem-aventurado, parecia-lhes ver a Nosso Senhor na terra” (4). E São Vicente de Paulo, sempre que saia de algum encontro mantido com São Francisco de Sales, exclamava: “Ah! quão bom deve ser Deus quando o excelentíssimo Bispo de Genebra é tão bondoso! (5)

Em seu leito de morte, o resplendor de seu rosto, que já era visível em seus últimos anos de vida, aumentava por vezes muito mais, arrebatando de admiração os que o contemplavam.

Assim que faleceu, verdadeira multidão invadiu o convento das Visitandinas, em Lyon, na França, para oscular-lhe os pés, tocar-lhe tecidos em seu corpo, encostar-lhe rosários. Ao abrirem seu corpo, os médicos constataram que o fígado do Santo se petrificara com o esforço que fizera sempre para dominar seu temperamento sangüíneo, e conservar constantemente aquela suavidade e doçura, aparentemente tão naturais nele, que conquistavam os corações mais empedernidos.

O culto ao santo começou no próprio momento de sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres.

Durante a peste em Lyon, as irmãs visitandinas não bastavam para distribuir ao povo pedaços de tecido tocados no corpo do santo. Em Orleans, a Madre de la Roche mergulhava uma relíquia do venerado Prelado em água, a qual era distribuida à multidão enquanto durou a peste: um tonel por dia em média. Em Crest e em Cremieux, os representantes da cidade foram à igreja da Visitação fazer, em nome da cidade, voto solene de ir em peregrinação ao sepulcro do Bispo, caso cessasse a peste. E todos foram ouvidos.

Foi Santa Joana de Chantal quem iniciou as gestões para o processo de canonização de seu pai espiritual. Recolheu seus escritos privados, cartas, mesmo rascunhos não terminados, e trabalhou com afinco nesse sentido. Escreveu a autoridades civis e eclesiásticas e mesmo a Roma, pedindo que urgissem o início do processo de beatificação.

Mas a alegria de vê-lo elevado à honra dos altares ela só a teria no Céu, pois a celeridade dos processos humanos ficavam muito aquém dos desejos de seu ardente coração.

São Francisco de Sales faleceu em 28 de dezembro de 1622, tendo sido canonizado em 19 de abril de 1665.

O Papa Pio IX declarou-o Doutor da Igreja em 7 de julho de 1877. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium, de 1923, atribuiu-lhe o glorioso título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos.

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Notas:

1 Mons. Bougaud, Juana Francisca Fremyot, Tipografia Católica, Madrid, 1924, vol. II, pp. 95/96.
2 – Cfr. Butler Vida de los Santos, edição em espanhol, México, D.F., 1968, vol. I., p. 199.
3 – Cfr. Joh J. Delaney, Dictionary of Saints, Doubleday, New York, 1980, p. 236.
4- Carta ao Pe. Juan de San Francisco, apud Mons. Bougaud, op.cit., vol. I p. 145.
5 – Apud Mons. Bougaud, id., pp. 142, 145.

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23 de Janeiro – Santa Emerenciana, Virgem e Mártir

Posted by pmkmkd em janeiro 23, 2007


(+ Roma, 304)

De acordo com o Martirológio Romano, Emerenciana era irmã de leite de Santa Inês. Após o martírio desta, foi rezar junto à sua tumba. A catecúmena recebeu o batismo de sangue ao ser morta ali mesmo, a pedradas, pelos pagãos. (Fonte: Catolicismo)

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22 de Janeiro – São Vicente Palotti, Confessor

Posted by pmkmkd em janeiro 22, 2007


(+ Roma, 1850)

Doutor em Teologia, famoso confessor e exorcista, seu programa foi o de levar os católicos a participar intensamente do trabalho apostólico. Para isso, fundou a Sociedade do Apostolado Católico. (Fonte: Catolicismo)

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